Procurar parceiros para relacionamentos sérios está cada vez mais difícil. As mulheres reclamam que os homens só pensam em sexo, e os homens por sua vez reclamam que não conseguem encontrar mulheres decentes para namorar. Mas, e quando o problema não é com os outros? E quando a culpa é nossa?
É, confesso que é difícil admitir que o problema não são os outros, e sim, nós mesmos. É mais fácil acreditar que os homens não prestam ou que as mulheres estão ficando cada vez mais moderninhas com esta revolução feminina, e tiram o papel do homem na conquista. Afinal, é claro que a culpa não é nossa. O ser humano jamais teria atitudes que o fizessem ser infeliz ao invés de feliz. Isso é loucura, certo?
O que é certo que, a maioria das pessoas que tem medo de relacionamento não sabem que tem. É uma atitude inconsciente de barrar relacionamentos que poderiam dar certo por medos que, na mente da pessoa se justificam em atitudes plausíveis para nem iniciar um compromisso. No entanto, não pense que se você ficar ao lado da pessoa conseguirá ajudar ela a superar esse medo. É o tipo de coisa que a pessoa deve analisar seu íntimo para descobrir isso sozinha. Forçá-la a algo só ira se traduzir em mais frustrações.
A idéia de escrever sobre isto veio de um momento de reflexão que tive após conversar com uma amiga sobre isto. Júlia* veio conversar comigo, dizendo que precisava de conselhos, falando que estava um tanto chateada, e eu perguntei o que havia acontecido. Ela me disse que tinha ligado para seu ex-rolo, mas isto tinha sido um erro e ela não faria isso nunca mais. Perguntei o que ele havia falado para ela e ela após algumas relutâncias me contou. Antes de passar o diálogo para frente, preciso situar vocês na história.
Júlia saía com Pedro* frequentemente, e Pedro após um tempo pediu Júlia em namoro. Na época , Júlia recusou o pedido. Ao perguntar para ela porque ela não havia aceitado o pedido, já que gostava de Pedro, Júlia me deu a seguinte resposta: “Não quero namorar Pedro porque ele não é rapaz pra mim. Sou uma menina direita, trabalho, estou no fim da minha faculdade, tenho um futuro na vida. Pedro não leva a faculdade a sério, faz por fazer, não trabalha, só quer saber de pegar onda e gastar o dinheiro dos pais. Ele não tem um futuro na vida e eu não vejo futuro ao lado dele.”
Achei a análise dela sobre o futuro um tanto quanto extrema partindo do principio que ela tem apenas 21 anos de idade (ou seja o resto da vida pela frente). Isso evidencia ainda mais claramente o medo dela em se relacionar com alguém. Até porque ela GOSTA desse rapaz, e quando a gente se apaixona fica meio babaca, ela não deveria ligar para esses detalhes. Então aí vem a parte mais assustadora dessa história. Essa minha amiga trabalha em um hospital, e nesse hospital há uma paciente que eles chamam de “vidente”. Tudo porque a senhora fica fazendo previsões sobre a vida amorosa das médicas, enfermeiras e afins, e a mulherada carente acredita. Pra mim não passa de uma doida varrida, mas tudo bem , cada um que acredite no que quiser.
Pedro continuou saindo com Júlia, tentou algo sério com ela mais algumas vezes porém ela estava forte na decisão. Até que aconteceu o inevitável, eles brigaram, passaram a se ver cada vez menos e então Pedro arrumou uma namorada (o óbvio). Como não queria perder o velho pacote de bolachas, continuou ligando para Júlia de vez em quando. Um belo dia, a “vidente” do hospital, disse que Júlia deveria ligar para Pedro . “Se ele te liga para te encher o saco, você não pode ligar para ele também? “ ( Não, não pode. Não quando o cara tá namorando outra).
Lá se foi minha amiga ligar pro cara. Resultado: ele estava com a namorada e deu um passa fora nela. Ela prometeu a si mesma que jamais ligaria para ele novamente. Eu não sei o que me espanta mais nessa história: se é o fato da minha amiga acreditar numa velha vidente ou dela ligar para um cidadão que pelo visto já superou ela e desfila por aí com outra. Certa vez , li num livro que se chama “A arte da guerra” uma passagem que dizia mais ou menos o seguinte: “O bom general deve saber a hora de retirar suas tropas”. Eu mentalizo essa frase sempre que possível em situações que eu considero que chegou a “Hora de dar tchau”.
Se vocês prestarem atenção ao que aconteceu com a Júlia, ela estabeleceu um padrão masculino no qual ela acredita que seja o homem ideal, e tudo o que aparecer abaixo disso, ela vai descartar.
Vestibular do Namoro
É como se, para namorar com ela existisse uma prova de vestibular e a nota de corte fosse muito, muito alta. O problema é que não é só ela que faz isso. Muitas mulheres esperam o príncipe no cavalo branco, mas se decepcionam quando chega o plebeu de bicicleta e logo dispensam o rapaz. Pense se você não se encaixa nesse perfil também: se você está há muito tempo solteira e todos os seus possíveis relacionamentos que teriam grandes chances de virar um namoro foram por água abaixo porque o rapaz coincidentemente possuía alguma característica “abaixo da sua nota de corte” , e todos os homens que você se apaixonou e queria algo sério eram aqueles que tinham a menor probabilidade de querer isto (outra forma de fugir do relacionamento: apaixonando-se por pessoas indisponíveis) você tem grandes chances de sofrer por medo de se relacionar.
Abaixando a nota de corte
É claro, gostar de alguém assusta mesmo. Afinal, isso envolve arriscar,coragem e coragem envolve superar os medos. Abrange muitas vezes mergulhar de cabeça na relação e tantas outras vezes descobrimos que estamos errados sobre um assunto que sempre pensamos estar certos. E envolve aprendermos a ceder quando necessário e que nem sempre temos razão – e precisamos aceitar isso. É complicado? É. Mas ninguém nunca morreu por isto. Muito pelo contrário.
“Ah mas eu sou linda, inteligente, independente, tenho um emprego bom, ganho dinheiro não vou namorar qualquer um”
Vamos inverter a situação, supondo que algum dia vocês saiam com um cara que fale: sou bonito, inteligente, rico e independente. Qual a impressão que vocês teriam desse cara? A que ele não quer nada com ninguém , e tampouco precisa,certo?
Eu penso da seguinte forma: que adianta você ser linda, inteligente, charmosa, rica, se não tiver ninguém para compartilhar essas conquistas? Minha avó sempre dizia um ditado que era assim: humildade e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Conheço uma moça que é juíza de direito e namora um rapaz que é atendente de loja de calçados. E são muito felizes. Penso que os homens e mulheres são diferentes, mas diferentes de um jeito que foram feitos para ficar juntos: os homens têm aquele intuito de proteger e as mulheres de serem frágeis e protegidas.
Para vencer este medo, é simples: desça do salto, abaixe a nota de corte, abra o leque de opções. Já dizia o poeta Shakespeare: “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”. Abaixe a guarda, não sinta vergonha de demonstrar que você precisa ser protegida, precisa de alguém para compartilhar suas alegrias e conquistas. Ao mesmo tempo tenha a humildade para perceber que, por melhor que você seja, não ser exigente consigo mesma é o primeiro passo para não ser exigente com os outros .
Até a próxima!
kisses ;)
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